Utilização e aplicação de produtos fitofarmacêuticos

Publicado por administrador em 07-01-2022 | 5862 visitantes

Os produtos fitofarmacêuticos são substâncias ou preparações utilizadas para proteger plantas ou produtos agrícolas dos seus inimigos (doenças, pragas e infestantes) ou para prevenir a sua acção.
A designação de produtos fitofarmacêuticos, tem passado, nos últimos anos, por diversas alternativas. Assim, têm sido, denominados de pesticidas, agro-químicos, produtos fitossanitários, produtos de protecção das plantas, produtos antiparasitários.
Na utilização e aplicação destes produtos, devem ponderar-se os riscos para a saúde humana e animal, para a água e para o ambiente. Portanto, o conhecimento científico e técnico é fundamental para a tomada de decisão quando se pretende utilizar e aplicar qualquer produto fitofarmacêutico.
A difusão de conhecimentos sobre as características dos produtos fitofarmacêuticos é essencial, para assegurar a informação rigorosa e completa ao nível toxicológico e ecotoxicológico e, assim, garantir o uso e aplicação segura e sustentável dos pesticidas.  
Em Portugal, há utilizadores e aplicadores de produtos fitofarmacêuticos sem um conhecimento adequado das características destes produtos. Por vezes, também falta informação detalhada sobre o risco e a segurança que caracterizam o uso de determinado pesticida.
Apesar do conhecimento das características dos produtos fitofarmacêuticos ser fundamental para o uso e aplicação dos pesticidas, será necessária formação científica e técnica para garantir a identificação do problema e a correcta prescrição do produto.


Prescrição dos produtos fitofarmacêuticos


O conhecimento é relevante no momento da prescrição, por isso, deve haver restrições neste domínio e limitar esta acção, de forma a evitar que qualquer agente no mercado prescreva o produto fitofarmacêutico. Para efectuar a prescrição deve ser necessário, saber identificar o problema, analisar os danos globais e apresentar a solução.
Estes requisitos, encontram-se no conhecimento que o prescritor deve ter, para propor a melhor estratégia.
Assim, devem existir regras na prescrição dos produtos fitofarmacêuticos, para regular esta actividade e minimizar os riscos e os impactes ambientais e económicos. Isto contribuirá para as boas práticas agrícolas, que são realizadas em agricultura biológica, em produção integrada e, em geral, na agricultura que se pretende cada vez mais sustentável.
A regulamentação deve exigir uma sólida formação inicial na área agronómica, incluindo a componente de sanidade vegetal, para permitir ao prescritor apresentar as soluções adequadas aos inimigos das culturas. A experiência profissional é muito importante, mas deve ser apenas o complemento da necessária formação científica e técnica, de forma a diminuir os riscos e a melhorar a segurança.


Utilização dos produtos fitofarmacêuticos


Ultimamente tem existido alguma preocupação na regulação das actividades de distribuição e aplicação de produtos fitofarmacêuticos, através das exigências indicadas no Decreto-Lei Nº 173/2005 de 23 de Outubro.
As medidas previstas no Decreto-Lei Nº 173/2005 permitem, de facto, um controlo mais eficaz da utilização e distribuição dos produtos fitofarmacêuticos com o objectivo de reduzir os perigos e os riscos para a saúde e o ambiente.
O estabelecimento de medidas para o uso de pesticidas de acordo com o Decreto-Lei 173/2005 insere-se no âmbito dos princípios enunciados no 6º Programa Comunitário de Acção em Matéria de Ambiente (Jornal Oficial das Comunidades Europeias, nº 242 de 10 de Setembro de 2002), que reforça a necessidade de integração de objectivos ambientais em todas as políticas sectoriais, incluindo a política agrícola.
Apesar do aumento de exigências para o uso dos produtos fitofarmacêuticos, é necessário continuar o trabalho no âmbito desta problemática, sobretudo ao nível dos equipamentos utilizados na aplicação dos pesticidas e das exigências de formação inicial para efectuar a prescrição.


 


José M. G. Calado ([email protected]) Prof. Auxiliar da Universidade de Évora
Instituto de Ciências Agrárias Mediterrânicas, Departamento de Fitotecnia